O cavalo de César e a dança da chuva
Opinião pública, uma viva brasa,
Arde madeira verde, nua e crua;
Cobre tupinicópolis, vastas asas,
Para domesticá-la, alguns vão à lua;
Aí os caras cagam dentro de casa,
E limpam-se no tapete pra sair na rua.
Eles que sabem onde o barco afunda,
Faróis em Brasília pra que não aconteça;
De deixarmos o rumo de águas profundas,
Suas dádivas fazem que nosso QI cresça,
Eles, vagalumes, com luz até na bunda,
Nós, camarões, com merda na cabeça...
Suas máquinas de produzir fumaça,
Gerando como nunca, a todo vapor,
Escondem o baú onde o truque se passa,
Ilusionistas hábeis, treinados no labor;
César, marqueteiro, faz uma graça,
E reelege o seu cavalo, senador.
Quatro anos a nação fica viúva,
Mas, viúva festeira, luto não traz;
Motivos escusos emprestam as luvas,
E burlam as pistas das digitais;
Chegada a hora da dança da chuva,
Eles acendem o cachimbo da paz.
Grito às paredes e já estou cansado,
Começo a duvidar que pra algo, presto;
Sei que outros tantos têm protestado,
Com mais talento, do que protesto;
Juro que não pedi um ministro “pesado”
Só queria um, que fosse honesto...