Velocidade da vida
Saudades do tempo passado
Onde o mundo rodava mais lento
Hoje tudo é apressado
Para quase nada nos sobra tempo
Antigamente acordava-se cedo
Bastava o sol no horizonte raiar
Da cama se pulava sem medo
Feliz, se ia trabalhar
Hoje o mundo mudou
Tudo gira mais depressa
Mal o dia acabou
Outra empreitada começa
Prazos, relatórios, cobranças
Lá vai o serviço para casa
Esquecem-se as crianças
Que são pela internet criadas
Quando adultos só nos sobra
Dançar no ritmo orquestrado
Se não o patrão nos cobra
Sob pena do contrato anulado
As crianças não saem na rua
Acabou-se a infância nos bairros
Bicicleta, bola, escondido e pula-pula
Como o bom labor já são coisa do passado
Cada vez mais o mundo nos exige
Que vivamos menos para nós
E aquele que esta corrente transige
Como um pária deixamos a sós
Mais e mais questiono um posicionamento
De viver sob a forma que nos é imposta
E penso que chegará o momento
De cada um fazer o que gosta
Trabalhar é bom e necessário
Enobrece e forja o cidadão
O labor tem por prêmio o salário
Que na mesa nos coloca o pão
Mas também devemos lembrar
Que o pão sustenta mas não é tudo
Há que se ter tempo para viver e amar
As coisas boas e importantes do mundo