A Morte de um Cacique
No peito do índio,
Enfia-se a espada do tempo.
Gemia na humilde choupana,
O príncipe do vento!
Com cabelos esbranquiçados,
Corpo moribundo,
Gemia debilmente,
O velho cacique Lobo Escuro!
Na cama de farrapos,
Só uma tanga lhe protegia...
Suave tristemente,
O mestre da magia!
No peito do índio,
Enfia-se a espada do tempo.
Gemia na humilde choupana,
O príncipe do vento!
Com os lábios em feridas,
Com a pele escarnecida,
Chorava triste o mameluco, que tinha dentro do peito,
O poder do outro mundo.
Com o grito na garganta,
E o amuleto no peito,
Suspirava lentamente,
O filho do tempo.
No peito do índio,
Enfia-se a espada do tempo.
Gemia na humilde choupana,
O príncipe do vento!
Com os braços amarrados,
E a espada lhe ferindo por dentro.
Parti deste mundo,
O filho do tempo.
Com o peito todo aberto,
Da lâmina que lhe feria,
Morria bravamente,
O Cacique desta índia!
No peito do índio,
Enfia-se a espada do tempo.
Gemia na humilde choupana,
O príncipe do vento!
Com o olhar voltado ao céu,
Chora triste Lobo Escuro,
Pois não conseguiu defender,
A herança do seu mundo.
Enfim a morte o levou,
E ele pôde descansar,
Morreu sem entender,
Porque tinha que lutar!
No peito do índio,
Enfia-se a espada do tempo.
Gemia na humilde choupana,
O príncipe do vento!