A Morte de um Cacique

No peito do índio,

Enfia-se a espada do tempo.

Gemia na humilde choupana,

O príncipe do vento!

Com cabelos esbranquiçados,

Corpo moribundo,

Gemia debilmente,

O velho cacique Lobo Escuro!

Na cama de farrapos,

Só uma tanga lhe protegia...

Suave tristemente,

O mestre da magia!

No peito do índio,

Enfia-se a espada do tempo.

Gemia na humilde choupana,

O príncipe do vento!

Com os lábios em feridas,

Com a pele escarnecida,

Chorava triste o mameluco, que tinha dentro do peito,

O poder do outro mundo.

Com o grito na garganta,

E o amuleto no peito,

Suspirava lentamente,

O filho do tempo.

No peito do índio,

Enfia-se a espada do tempo.

Gemia na humilde choupana,

O príncipe do vento!

Com os braços amarrados,

E a espada lhe ferindo por dentro.

Parti deste mundo,

O filho do tempo.

Com o peito todo aberto,

Da lâmina que lhe feria,

Morria bravamente,

O Cacique desta índia!

No peito do índio,

Enfia-se a espada do tempo.

Gemia na humilde choupana,

O príncipe do vento!

Com o olhar voltado ao céu,

Chora triste Lobo Escuro,

Pois não conseguiu defender,

A herança do seu mundo.

Enfim a morte o levou,

E ele pôde descansar,

Morreu sem entender,

Porque tinha que lutar!

No peito do índio,

Enfia-se a espada do tempo.

Gemia na humilde choupana,

O príncipe do vento!

OliveiraBrasão
Enviado por OliveiraBrasão em 29/12/2006
Código do texto: T330835