Que aflitas marés humanas, seja noite seja dia!
Quantas paixões, ganhos, perdas, ardores, nadam
em tuas águas!

Que redemoinhos sustentas, de maldade, beatitude
e amargura!

Que curiosos olhares indagadores - áscuas de amor!
Cobiça, inveja, desprezo, desdém, anseio, esperança!
Tu portal, tu arena, tu - dos miríades de filas
e de grupos
alongados!
(Só teus marcos de pedra, fachadas, curvas,
poderiam contar
tuas histórias inimitáveis;
tuas janelas ricas, e amplos hotéis, tuas calçadas largas.)
Tu, a dos pés incessantes correndo, pisando leve, arrastando-se!
Tu, qual o próprio mundo, dando mistura de cores - qual a vida ilimitada, pejada, fazendo pouco!
Tu, enviseirada, vasta, intraduzível amostra e lição!
 
                                                        
(tradução de Geir Campos)


 
                 ***  ***  ***  ***

      
Whitman,  Walt.  Folhas de Relva.  Seleção 
          e tradução de Geir Campos.  Ilustrações de 
          Darcy Penteado.  Ed. Civilização Brasileira. 
          Rio de Janeiro, 1964.   




Walt Whitman (EUA)
Enviado por Helena Carolina de Souza em 28/10/2011
Reeditado em 28/10/2011
Código do texto: T3302759