Diáspora negra
Perdi meu grito de guerra
No bojo, minha língua materna e minha canção.
Além mar ficou minha terra;
Meus familiares, cultura e nação.
Como José, fui entregue aos portugueses
Em troca de faca, espelho e aguardente
No porão de navio passei messes
Ainda fui marcado a ferro quente
Pensei que era a terra dos mortos, a América.
Pois eu só conhecia homens negros
Tentei atravessar o mar, e voltar à áfrica
E deixar o mundo dos espíritos e seus segredos
Porém, eu fui recapturado
E depois das palavras que eu não entendia
Fui amarrado ao troco e chicoteado
Assim na colheita de café e cana terminei meu dia.
Sucumbi, mais deixei uma semente na historia
Da qual nasceu uma nova cultura, uma nova nação
Cheguei nu, porém fértil veio minha memória
Nessa nova língua, vou batucar uma nova canção.
Ao som dos tambores, um grito de amor
Sem distinção de cultura, raça e religião
Sem distinção de continente, pais e cor
De índio, de branco e de todos, eu sou irmão.