O INDIGENTE
Despiu-se d’alma pura, cético, indolente;
Impudico, vulgar, tão cínico e casmurro.
Boca boça abriu num fético sussurro,
Inconsequentemente.
Trocou o riso pelo mal-humor, contudo;
Mugiu raivoso como um touro entre os estrumes;
Passou o punhal na pedra e lhe testou os gumes
No couro cabeludo.
Bebeu com sangue o amargo fel coagulado;
Sentiu na pele o cheiro da carnificina.
Pobre, jamais provou do que a vida fascina,
- O amor lhe foi negado.
Perdeu-se em si. Morreram as ilusões consigo.
E tudo que humanamente ele sente
O faz sofrer a alma no corpo indigente,
Ao saber-se mendigo.
______________________________________
Estrofes compostas de três versos alexandrinos
(dodecassílabos) e um hexasílabo.
Despiu-se d’alma pura, cético, indolente;
Impudico, vulgar, tão cínico e casmurro.
Boca boça abriu num fético sussurro,
Inconsequentemente.
Trocou o riso pelo mal-humor, contudo;
Mugiu raivoso como um touro entre os estrumes;
Passou o punhal na pedra e lhe testou os gumes
No couro cabeludo.
Bebeu com sangue o amargo fel coagulado;
Sentiu na pele o cheiro da carnificina.
Pobre, jamais provou do que a vida fascina,
- O amor lhe foi negado.
Perdeu-se em si. Morreram as ilusões consigo.
E tudo que humanamente ele sente
O faz sofrer a alma no corpo indigente,
Ao saber-se mendigo.
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Estrofes compostas de três versos alexandrinos
(dodecassílabos) e um hexasílabo.