MARCAS DO TEMPO

Eu me escondi do tempo

Para não vê-lo passar

E o tempo sem preguiça

Foi passando sem parar

Mesmo assim as suas marcas

Ficaram impregnadas

Nesses meus cabelos brancos

A pele um tanto enrugada

Sem falar nas minhas forças

Bastante debilitadas.

E os nossos movimentos

Que já não são tão precisos

Com pouca agilidade

Nossos passos indecisos

Conduzindo-nos aos poucos

À fase do pegador

Pega gripe, resfriado...

Alterando nosso humor

Pega tanta macacoa

Que nos causa dissabor

E assim nessa pega tudo

Tudo vai se complicando

E a idade do condor

Vai de nós se aproximando

Com dor aqui, com dor ali...

De não se agüentar mais

Senta-se com ui, ui, ui....

Levanta-se com ai, ai, ai...

Tudo faz pra não cair

Pois sempre se quebra quando cai.

Mas a vida é muito bela

Cheia de recordações

Dos tempos da mocidade

Sonhos e desilusões

De uma vida mais simples

Sem muitas complicações

Que nos seus altos e baixos

Muitas realizações

Imagens multicoloridas

Gravadas nos corações

Um filme longa metragem

Nos corações e nas mentes

Que as câmeras do tempo

Foram gravando pra gente

O desfecho desses filmes

São bem diversificados

Pra alguns as cortinas fecham

Sem terem se aposentado

Alguns terminam num abrigo

Ou na família amparados

Sei que o tempo grande mestre

Transmite sabedoria

Que é pouco valorizada

Pelos jovens de hoje em dia

Nesse neoliberalismo

É visto com mais valia

A força de produção

Que a idade atrofia

E a experiência da idade

Tida por sem serventia

Mas todos chegam confiantes

De sua missão cumprida

Na hora que o sol se põe

No horizonte da vida

Eu que atrás da correria

Do tempo me escondi

Talvez nem sabedoria

Com o tempo adquiri

Só do tempo a cicatriz

Mesmo assim muito feliz

Por tudo que já vivi.

CEZARIO PARDO
Enviado por CEZARIO PARDO em 17/10/2011
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