MANIFESTO 2011

Eu tenho pena dos homens

que humilham outros homens,

que em suas cosmovisões se acham deuses

cutucando com vara de ferro,

as sangrentas feridas de uma extrema pobreza.

Eu tenho pena dos homens

que destroem outros homens,

vistos como copos descartáveis de festas,

figuras de mortos sobrenomes,

uniformizados e numerados

batendo o diário cartão de ponto,

sempre reféns das horas,

acorrentados no tempo,

vendendo a incalculável glória do saber

por uma ignomínia e módica quantia de réis.

Eu tenho pena dos homens

que vomitam na marmita azeda dos operários,

os carros que nunca poderão comprar,

a casa própria com vista marítima

derrubada e fragmentada,

nos escombros dos versos adormecidos

que pulsam dentro da minha mochila preta...

Eu tenho pena dos dos homens

que montam em outros homens,

fazendo deles cavalos inglórios

de uma desassistida corrida.

Eu tenho pena dos homens

que criam leis ajanotadas

transfiguradas de mordaça...

Eu tenho pena desses homens,

porque abrindo meus olhos

esses cansados olhos contemporâneos

eu nunca enxergo homens

e vejo apenas animais !

CARLOS HENRIQUE MATTOS
Enviado por CARLOS HENRIQUE MATTOS em 15/10/2011
Reeditado em 15/11/2011
Código do texto: T3278798
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