Filhos da rua
Filhos da rua
Os anjos da rua não aprenderam a sorrir.
Não tiveram afeto, nem carinho tiveram
e nem tampouco aprenderam a pedir.
Já nasceram no abandono,
sem ninguém que lhes enxugassem as lágrimas
ou que lhes velassem o sono.
Cresceram assim, tão tristes, tão sós,
que por mais que seus gritos ecoassem nas ruas,
ninguém jamais soube ouvir sua voz.
E por serem assim tão sozinhos,
não houve fé que os cativassem,
principalmente a fé nos homens.
Se até mesmo o seio lhes foi negado,
se nem ao menos uma manjedoura tiveram,
muito pouco lhes pode ser cobrado
nesta vida que eles nunca pediram.
São assim, anjos sem luz,
vagando a ermo pelas ruas,
cada qual carregando sua cruz.
E a sociedade indiferente os crucifica,
diante de um sistema que lava as mãos.
Se são bons ou maus ladrões, não importa:
talvez nunca tenham ouvido a promessa
de um dia, morar na casa do Pai.