Filhos da rua

Filhos da rua

Os anjos da rua não aprenderam a sorrir.

Não tiveram afeto, nem carinho tiveram

e nem tampouco aprenderam a pedir.

Já nasceram no abandono,

sem ninguém que lhes enxugassem as lágrimas

ou que lhes velassem o sono.

Cresceram assim, tão tristes, tão sós,

que por mais que seus gritos ecoassem nas ruas,

ninguém jamais soube ouvir sua voz.

E por serem assim tão sozinhos,

não houve fé que os cativassem,

principalmente a fé nos homens.

Se até mesmo o seio lhes foi negado,

se nem ao menos uma manjedoura tiveram,

muito pouco lhes pode ser cobrado

nesta vida que eles nunca pediram.

São assim, anjos sem luz,

vagando a ermo pelas ruas,

cada qual carregando sua cruz.

E a sociedade indiferente os crucifica,

diante de um sistema que lava as mãos.

Se são bons ou maus ladrões, não importa:

talvez nunca tenham ouvido a promessa

de um dia, morar na casa do Pai.

maria do rosario bessas
Enviado por maria do rosario bessas em 15/10/2011
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