À DIREITA, VOLVER ! ! !
Nota: publico este poema satírico já como documento por ter sido escrito em 2006. Ele enfoca uma realidade da época, e o publico como mostra literária, pois o momento histórico que ele retrata é passado.
Em outubro de 2006:
O país está em chamas,
o país está em lágrimas,
o Boris Casoy quer vendetta,
olho por olho, dente por dente,
Nunca vi tanta falseta.
Virou tudo do avesso,
o caldeirão vai entornar
chamem a Regina Duarte
pra dizer estou com medo.
O livro do Kotscho lançado
teremos assunto que prove
da novela todo enredo.
Um presidente afastado
e nós de novo a mandar
mandar o que, um torpedo?
É claro, matamos o Chaves
e de quebra o tal de Edo.
É mais uma triste opereta,
de quinta, mas muito animada,
onde atores no improviso
perdem vergonha e o siso
vale tudo e muita ação.
Mais uma bomba, vejam Veja,
a baixaria orquestrada.
O maestro já decrépito
agita a batuta e pragueja
este país nos pertence
tocaremos a mesma música
que tocaram nossos pais
e também nossos avós,
lugar de pobre é lá embaixo
ignorante, trapalhão
que não sabe nem roubar,
pra isso é preciso maestria,
coisa que temos de sobra,
somos os bons em manobra.
O circo está animado,
mil palhaços no picadeiro,
os galos de rinha também,
cada um no seu poleiro,
cantarão um novo dia
ao soar das alvoradas
tudo será como antes
essa gente não aprende
vão ver só como se faz.
Que se danem os direitos
a violência, a degola
aqui já fizemos escola
e também por outro lado
não andamos de metrô
nos céus de nosso Brasil,
helicópteros blindados.
Estamos bem mais acima,
acima do bem e do mal,
pra eles deixamos o trânsito,
a violência e o carnaval,
nosso dinheiro guardado
em cofres numerados,
muito longe, além mar,
somos os donos do mundo e
não temos mais endereço.
Quem aqui tem que morar
que aprenda a pagar o preço.
Bay bay Brazil, meus soldados
leais, valentes cruzados,
na guerra santa a lutar
contra moinhos barbudos.
Adeus povinho servil
que nos suspende no ar,
nos ovaciona e adora
por nos verem como espelho.
Da cartola um coelho,
saiu e todos sorriram,
magnífico feito e aplausos:
o cordão dos puxa-sacos
está sempre em prontidão
pra elogiar o "patrão".
Bay bay Brazil do Marcola,
Ele tem lá seu reinado.
Dinheiro do narco é ouro.
Bem lavado fica limpo
e compra a jóia mais chique
pra madame forrar parede
do cofre particular.
E depois ter um chilique
se uma nora aventureira,
com muita fome e com sede
Vier com ganância certeira.
E a massa que se dane,
ela é nosso rebanho
por abate ou criação,
seu futuro está selado
desde sempre sem perdão.
Temos ganho assegurado,
senadores, deputados,
somos banqueiros, herdeiros,
eternos na fria ganância,
exímios em toda arrogância,
bajulados sem cessar,
por nossos fiéis escudeiros:
a pequena burguesia
que lambe as botas sem pejo
se abaixa e leva as bandeiras,
cria slogans, faz passeatas,
até pequenas bravatas,
pra mostrar o seu valor.
E acreditam no que dizem,
por tanto lhes ser proveitoso
cantam hinos exaltados
pátria, família, valores,
os escudeiros garbosos.
Bay bay Brazil
já vou indo
pro passeio matinal,
vou pra Angra tomar o sorvete
que por lá é bom demais
à tarde volto prum golfe
à noite talvez um jantar!
Que vida difícil a minha
acho que vou a Paris,
depois a Londres, Dublin,
isto aqui tá cheirando mal.
Na Daslu farei comprinhas,
com dinheiro, nada em cheque
contra o controle "murrinha",
uma saída bem "moleque",
pagar o imposto não vou,
nem pensem, pois não sou marreco.
E aqueles dois índios feios,
da Bolívia inda é o pior,
vão ver o que lhes reserva
o futuro promissor.
Se eles pensam que aos gringos
vão provocar à vontade,
saibam que só na saudade
seus governos vão ficar.
Os dias que lhes sorriram
logo vão se terminar.
Quem pensam que são pra gritar
nos nossos ouvidos sensíveis
o seu ódio e revolta,
vão para a cadeia em escolta,
é só a gente tramar.
E agora chega, estou indo
conclamar este gigante,
Brasil de alma estonteante
vai logo falar outra língua,
ser dos crimes um mandante.
E a fazenda será nossa,
com todas as ovelhinhas,
pra for ever, very good,
com ouro e muitos cachorros
a cuidar nosso rebanho
aqui do lado de baixo
oh gente, é grande o azul,
é nosso quintal preferido
a América do Sul!!
Aí os lacaios são muitos
ricos, médios, mal paridos,
pois no mundo só o que fazem
é ser logo corrompidos.
e gente, é grande o azul
dessa América do Sul
serão anos bem vividos!!
Queremos de volta o que é nosso
por direito e tradição.
Invadiram o nosso palácio
sem respeitar o aviso:
"é proibida a entrada
de gente que é pobre e safada"
e que no momento é preciso
ser logo desalojada.
Disso tem quem se encarregue
temos logo um milhão,
basta gritar sempre e alto,
abaixo a corja sem classe,
seu tempo está esgotado
vão querer ganhar de nós,
trambiqueiros escolados?
pra nos vencer, é dificil,
. o nosso baralho é marcado,
nosso terreno é minado,
isso é doença antiga.
A lição tem que aprender,
quem quiser ficar no poder :
sem truques e muita intriga,
não se promovem carreiras,
Nem se ganham eleições
no país das bananeiras.
15-10-2006