Eles Andavam pelas ruas em busca de prazeres noturnos
Um frio de doer!
Ela dentro do carro,
Manta sobre o corpo,
No banco de trás o fino casaco 


Ele ,a fitá-la
Com seu doce olhar...
Iam  devagar,
Olhando as luzes
Ela olhava as calçadas,
Sentindo o cheiro da noite...

Foi quando os viu,
Os meninos...
Camisetas apertadas...
Decerto tiveram  outros donos,
Desgastadas...

Reviravam as caçambas de lixo.
Olhou então paralisada,
Como  nunca avistasse  tal cena,
Mas  desta vez impressionara  o frio.
Pensava em seus filhos,
Em casa,
Aconchegados em pesados edredons.
Resguardados...

O carro rodava
Lentamente os olhava,
Não tirou os olhos.
Ficou a pensar
Vinho caro...
Mármore carrara...


Eram luzes com sensores de presença...
Banheira com pétalas de rosas...
Tapetes macios
Lençóis de seda...
Pensou...
Seguiu...

Mas nessa noite
O mármore não foi tão bonito,
As luzes não tão mágicas.
As pétalas deram-lhe um certo mal estar
O tapete machucou-lhe os pés
Os lençóis não permaneceram na cama,
Jogou-os no tapete...áspero

Nessa noite
O amor perdeu a graça...
Que  ficou ali...
Naquelas caçambas...
Nos olhos daquelas crianças...
Com frio,
Sem manta...
Com fome...
Revirando o lixo.
Procurando o jantar...

Eram onze e meia...




*Este escrito junto aos dois anteriores ,faz parte de  uma reflexão que pretendi deixar a nós ,os ditos privilegiados  nesta semana da criança.




Adah
Enviado por Adah em 11/10/2011
Reeditado em 11/10/2011
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