AVESSO
Nas coisas,
seus avessos.
Crianças sem pão
Idosos sem lar
Afetos na contramão.
Roupa virada
Coração lavado,
nenhuma afeição
Mundo contrário,
contradição!
Desonestidade ferina
No político que anima
As gentes ingênuas
Discursos maquiados
Honestidade desbotada
Nas frontes lavadas
E costuradas,
com fios de nylon.
Não de algodão.
O avesso é saudade doída.
Saudade do que não somos
E nem tentamos ser.
Viver o avesso é repartir
Re-parir mundos
Num devir fecundo.
O avesso brada por
recomeço e verdade
nua e cruamente!
Quero o avesso!
Político reto
Criança com afeto
Idoso com teto
Coração impregnado de amor
Pela natureza e pelo irmão
Num mundo de contrários
Viver o avesso é salvação!