Véspera de natal.
Não vou dizer que não dói,
É tanta gente se matando,
A fome chega longe,
Pessoas em miséria,
E a violência cresce... Vai longe,
À esquerda uma mão procura um trocado,
À direita uma mão que nega,
À minha frente um corpo cai...
Vejo tudo de “camarote”...
Só tenho duas mãos, quem segura o corpo?
É trágico... E a ignorância do mundo faz piada...
“Se viu o neguinho lá da favela? Levou tanto tiro que ficou parecendo uma peneira”.
A mesma ignorância que chora a morte do “loirinho” de olhos verdes, que de tão bêbado e drogado bateu seu carro no poste e morreu.
E o homem, algoz de sua casa,
Destrói sua morada...E reclama do calor...
O mesmo homem que chora a morte de um irmão,
E ri da desgraça de seus iguais.
É triste a solidão de Deus,
Que sozinho não faz nada...
E quem diria... É véspera de natal.