Caminho reto.
Tinha pés largos, e seus passos eram largos.
Andava como se não houvesse o amanhã.
Corria para o que o tempo corresse lentamente.
Ia-se em sentido reto.
Sem amigos, ou afago.
Sem memoria e sem nome.
Vivia-se o ontem com seus pés no hoje.
Como a chuva que lava os telhados
Assim meu amigo sem nome lavasse na chuva.
Sem teto, sem pose, sem cofre e com tosse.
Ia-se em sentido reto.
Furando as muralhas da desigualdade.
Começou a cantar a cantiga que sua avó lhe ensinará.
Os reféns se desviavam dele ao caminho.
O medo de se contaminar fazia que não ousassem.
Cantou a liberdade em sentido reto.
Sem parar seguia seu caminho.
Os reféns não entenderam.
E surdo morreram.