Caminho reto.

Tinha pés largos, e seus passos eram largos.

Andava como se não houvesse o amanhã.

Corria para o que o tempo corresse lentamente.

Ia-se em sentido reto.

Sem amigos, ou afago.

Sem memoria e sem nome.

Vivia-se o ontem com seus pés no hoje.

Como a chuva que lava os telhados

Assim meu amigo sem nome lavasse na chuva.

Sem teto, sem pose, sem cofre e com tosse.

Ia-se em sentido reto.

Furando as muralhas da desigualdade.

Começou a cantar a cantiga que sua avó lhe ensinará.

Os reféns se desviavam dele ao caminho.

O medo de se contaminar fazia que não ousassem.

Cantou a liberdade em sentido reto.

Sem parar seguia seu caminho.

Os reféns não entenderam.

E surdo morreram.

guido campos
Enviado por guido campos em 06/10/2011
Código do texto: T3261618
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