Cidas cidadãs
Apresento-vos Aparecida;
para os íntimos, apenas Cida.
Assim ela é conhecida.
Sempre teve difícil vida.
É uma pessoa muito sofrida,
sem dinheiro... Desvalida.
Sob os viadutos encontrou guarida,
porém, falta-lhe comida.
Quando a consegue é mexida,
cuspida, ardida e fedida.
Sabe-se lá de onde é trazida!
Dolorida é a sua vida.
Ela não conheceu Margarida,
sua mãe muito querida,
que morreu numa avenida.
Está sempre entristecida...
Nem imagina como foi concebida.
Que tristeza descabida!
Nada sabe sobre o pai suicida,
pelo qual na rua foi introduzida.
Pro relento foi trazida,
e numa sarjeta escondida,
sendo encontrada caída e embebida;
a um monturo imundo reunida.
Cresceu nesta dura lida,
com a alma carcomida.
Não tem esperança, nem vê saída.
"Sucata da sociedade", assim é tida.
Sua auto-estima está lá em baixo... Caída.
Sua força foi inibida... Eficazmente tolhida.
Há por aí outras Cidas...
Nas esquinas, vielas e avenidas;
sob as marquises, adormecidas e esquecidas.
Para que estas experiências não mais sejam vividas,
há de se tomar urgentes medidas:
QUEM SABE, SE AS RIQUEZAS FOSSEM MELHOR DISTRIBUÍDAS!?