Como estrelas Cadentes…

Assistimos ao nosso declínio

Não intimo

Mas do nosso modo de vida

Da nossa civilização

Um vento da mais plena intensidade

Pela mão de quem devia tomar conta de nós

Que sofreram uma lobotomia

Dos valores antigos

Que tornou tudo isto possível

Um vento que não para

Que varre tudo à sua frente

Não sendo um vento acidental

Ou natural

Não sendo um mero acidente

Um vento bem real

Ao qual assistimos

Como estrelas Cadentes…

Perante a total passividade

Do mesmo mundo

Que esse vento está a asfixiar

De um mundo

Que ostraciza

Quem contra esse vento ousa falar…

E somos assim todos cegos

Todos cúmplices

Desse vento homicida

Nova forma de holocausto

Somos todos cúmplices

Porque calamos

E deixamos que esse vento prolifere

Um vento de merda

Que arrasta consigo

O que resta da nossa fé

Um vento que semeia a desilusão

Trazendo com ele plenas cinzas

Que enterram a nossa civilização

Um vento que vai passar

Se calhar só na próxima geração

Mas quem será recordado

Não será quem se calou

Quem cedeu a um conformismo cómodo

Será

Quem no meio desta imensa escuridão

Se arriscou a ficar só

Mas livre

Portentosamente livre

Se arriscou a dizer apenas uma palavra perante esse vento

“Não”…

E afinal éramos de facto Estrelas, mas não estrelas cadentes…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 05/10/2011
Código do texto: T3259046
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.