Um repente

Um repente sem pretensão

Sem eira nem beira

Sapateia na alça do caixão

Enquanto fugaz preconceito

Aceito de revés e desfeito sem noção

Aguarda solene desordem

Um pacote de sonhos na contramão

Eu que me ri da morte

Eu até que chutei a sorte

Eu venho do Norte e olho para o Sul

Eu que nasci marrom e não tenho sangue azul

Medo não me aborda, coragem não me sobra

Sigo no talo da “responsa”, da ética venturosa

Onde edifica soberana e generosa

Comunhão plural da arte gloriosa

Jairo Lima

Nunca outrora

Um repente

De repente

Afetou a vida de tanta gente.

A arte fora indomável.

É nato contemplarmos sua beleza,

Mas ao futucar-lhe a face

Transforma-se em sete cabeças

Mesmo assim, ludibriados,

Pronuncia-se a indiferente sentença

Sem pesar as consequências

Exprimindo a voraz doença:

Dos que fazem por fazer

Dos que giram por girar

Dos que vibram sem prazer

Dos que vivem sem viver.

Do poço da juventude

-que se mostra ser de arte-

Exala-lhes terrível odor

de promíscua insegurança.

Questionam o direito de ser criança

Onde seu choro sempre é irrelevância.

Lá, um monstro não se esconde debaixo da cama,

Mas reconhece-o ao falar “bom dia”.

É esse repente inconsequente

O causador de revertério a esse indiferente

Ofendendo o insolente

Que abandona sua arte.

Ao que abandona sua arte

Mostra-se um coitado já punido

Atado em sentimentos oprimidos

Derrotado por pensamentos sem sentido.

Quem abandona sua arte

Perde a chance de rever um motivo

Vê o tempo já perdido

Só restando um futuro frágil

de criativo comedido.

FlávioDonasci
Enviado por FlávioDonasci em 26/09/2011
Reeditado em 26/09/2011
Código do texto: T3241378