INEVITÁVEL PROCISSÃO

INEVITÁVEL PROCISSÃO

Dolente o dobrar dos sinos

O bronze sempre pungente

Com o som de eternidade

Um lamento de muita gente

Era de muito pouca idade

A aurora deste menino

Com o repicar premente

Seu fim lhes determina

Os leiloeiros de metal

Em Morse aos ventos

Transmitem a letal

Decodificação da vida

Num caminhar lento

Transladam a morte

Que no corpo se fez

De curta missão devida

Em funéreo pacote

De procissão mórbida

Na cadência comovente

Em passeio de morte

Ao finado recanto

Abismo dos desencarnados

Talvegue de um santo

Vestibulando de defunto

Na cidade univérsica

Conhecida por: “dos-pés-juntos”

Da vida que dá a morte

Da vida que vivia

As vidas em prantos

Mas por que o pranto?

Não é a morte que dá a vida?

Esse doce e eterno encanto

De irrecusável encontro.

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 17/12/2006
Código do texto: T320771