INEVITÁVEL PROCISSÃO
INEVITÁVEL PROCISSÃO
Dolente o dobrar dos sinos
O bronze sempre pungente
Com o som de eternidade
Um lamento de muita gente
Era de muito pouca idade
A aurora deste menino
Com o repicar premente
Seu fim lhes determina
Os leiloeiros de metal
Em Morse aos ventos
Transmitem a letal
Decodificação da vida
Num caminhar lento
Transladam a morte
Que no corpo se fez
De curta missão devida
Em funéreo pacote
De procissão mórbida
Na cadência comovente
Em passeio de morte
Ao finado recanto
Abismo dos desencarnados
Talvegue de um santo
Vestibulando de defunto
Na cidade univérsica
Conhecida por: “dos-pés-juntos”
Da vida que dá a morte
Da vida que vivia
As vidas em prantos
Mas por que o pranto?
Não é a morte que dá a vida?
Esse doce e eterno encanto
De irrecusável encontro.