Vazio na Bienal

Segundo galpão, deve ser um imenso salão

Tapetes, cores, plantas????????????????

nobre ato de deixar salão belo à espera

que vazio tão orbital é esse dessa parede?

Há tantos artistas das plásticas, dos folhetins

Há tanta gente querendo mentir o caos-fértil

Platão dizia: “o erro é um desvio para acerto”

Cismo: o vazio é um protesto do desvio do desvio?

Em minhas prateleiras escondidas na penumbra

Eu colho rosas nesse vazio, eu amo esse vazio

Mesmo que não possa compreendê-lo, retê-lo

Mas, eu lamento esse vazio. Quantos não estão?

Disseram-me que o segredo é o poder da síntese:

E ela é e somente as flores de Shakespeare-ar

Ele abana a mão à curadora linda, não, abana,

Porque talvez como Virgínia Woolf quer a irmã.

A irmã não veio. Está certamente à beira lago

À noite contando estrelas, saltitante em nuvens

Ela deve estar curando a perna de um pássaro

Ou arrumando seus caprichos...lixo, lixo, lixo

O salão posa em mim em alegrias flores-jardins

Qualquer hora ele se explode na sala comum entre outros

Mas, que a arte aguarde a poeta que ela desafia....

E Virginia Woolf morreu sem saber da polêmica vênia.

São flores perfumadas, cor verde, tantas coisas lindas e ainda em inércia.

Hei! e os que vão só para apreciar? ficam no para lá e cá medindo vazios?

Ou esse vazio é que chamo de pós-pós: colagem, emendo de fragmento-pós

Imaginem, palavras cirando e cirando em Telegrama Zeca Baleiro.

Vamos brincar de literatura de um modo que ela brinque conosco

Dando-nos a graça de nos libertar pelo cheiro de um perfume

Mais que outros que ainda não aromatizam as frases cheias de mais frases

Vamos decretar a palavra mais forte de um gesto: Revol.

O galpão vazio é uma bela imagem de um sorriso enigmático em mim.

Neusa Azevedo
Enviado por Neusa Azevedo em 07/09/2011
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