O Outro Lado do Sol

O OUTRO LADO SOL

Mais um navio que parte

Marés bailando

Sob a força do vento

E um formigueiro é destino

Formigueiro humano

Desatino...

Sorrisos apagados

E a incógnita se casam

E a saga é preciso...

Já em alto-mar

A tirania em lugar de direitos

Açoites em lugar de pão

E lágrimas secas

Se espalham pelo corpo

E o suor faz arder as feridas

Para cicatrizar almas sem rumo...

Porões fétidos

E a ganância pelo ouro

Difundem a miséria e poder

E o mercado de vidas para alguns

Se torna mercado de morte

E o mar

É o cemitério salgado

Para abrigar corpos em putrefação...

Ilhas perdidas acenam

E pequenas porções de terras

Se perdem aos olhos inocentes

Que aguçam o desejo

De tocar no solo sagrado...

O sangue é tinta nos porões

E os gemidos são um coro

De uma orquestra fúnebre

Rumo ao solo Brasil!

A batuta

O chicote

Estala para ditar a melodia

E aquele cortejo marítimo

Segue rumo à Vera Cruz!

Terra firme!

Ali

Garimpar ouro e vidas

É tão somente

Dividir sinas por entre canaviais

E cafezais

E o suor na Bateia

Pra lá e pra cá...

Deixar a lida por entre as flores

E o que ficou no outro continente

Agora são lembranças no tempo

E aquele sol

Que amadurecia sonhos

Hoje é sombra

Pelo descaso dos senhores

De leis hediondas

Que trouxeram almas inocentes

Para o outro lado do sol...

Tinga das Gerais

Mestre Tinga das Gerais
Enviado por Mestre Tinga das Gerais em 06/09/2011
Reeditado em 09/12/2015
Código do texto: T3204315
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