O Outro Lado do Sol
O OUTRO LADO SOL
Mais um navio que parte
Marés bailando
Sob a força do vento
E um formigueiro é destino
Formigueiro humano
Desatino...
Sorrisos apagados
E a incógnita se casam
E a saga é preciso...
Já em alto-mar
A tirania em lugar de direitos
Açoites em lugar de pão
E lágrimas secas
Se espalham pelo corpo
E o suor faz arder as feridas
Para cicatrizar almas sem rumo...
Porões fétidos
E a ganância pelo ouro
Difundem a miséria e poder
E o mercado de vidas para alguns
Se torna mercado de morte
E o mar
É o cemitério salgado
Para abrigar corpos em putrefação...
Ilhas perdidas acenam
E pequenas porções de terras
Se perdem aos olhos inocentes
Que aguçam o desejo
De tocar no solo sagrado...
O sangue é tinta nos porões
E os gemidos são um coro
De uma orquestra fúnebre
Rumo ao solo Brasil!
A batuta
O chicote
Estala para ditar a melodia
E aquele cortejo marítimo
Segue rumo à Vera Cruz!
Terra firme!
Ali
Garimpar ouro e vidas
É tão somente
Dividir sinas por entre canaviais
E cafezais
E o suor na Bateia
Pra lá e pra cá...
Deixar a lida por entre as flores
E o que ficou no outro continente
Agora são lembranças no tempo
E aquele sol
Que amadurecia sonhos
Hoje é sombra
Pelo descaso dos senhores
De leis hediondas
Que trouxeram almas inocentes
Para o outro lado do sol...
Tinga das Gerais