PELO PÃO DE CADA DIA
Pelo pão de cada dia
Ele era um pintor cuja casa ainda estava no reboco
E morava ao lado do pedreiro que lutava para sustentar os filhos
E pagar o aluguel de um barraco tão pequenino.
Nos fins de semana jogavam bola com um simpático rapaz do bairro
Que todos os dias servia em um restaurante fino
Enquanto seus filhos dividiam em casa um pedaço de pão.
No trajeto da jornada conversava animado com a professorinha
De uma escola onde muitas crianças freqüentavam para saborear
A esmola social oferecida por nossa pátria... mãe gentil?
Pobres crianças do Brasil esperança, mutiladas de seus sonhos
No retorno aos casebres da realidade social.
Duros caminhos, algumas sem ninho, sem lar afinal.
E o futuro falsamente estampado nos discursos
De homens que deveriam estar projetando um melhor porvir
Porém algumas vezes...muitas vezes eu diria...não estão nem aí.
REGINA XAVIER
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