PRISÃO DOMICILIAR

P R I S Ã O D O M I C I L I A R

São só moradias, não são lares

Casas ao lado uma das outras

No entanto distante a perder de vista

Cada individuo defende sua privacidade

Vivemos a solidão no meio da multidão

As quadras são patrulhadas por seguranças armados

Na periferia a roubalheira é a bola da vez

Na cabeça dos citadinos há pavor arraigado

Portas fechadas e bem trancadas

Fechaduras codificadas e ridículas

Janelas basculantes não corrediças

O gradil que separa-nos das visitas denota prisão

O muro que delimita os quintais veda a amizade

Portões com seus cadeados cerceiam nossa liberdade

Os pitbulls garantem pela fama

Como proteção alarmes e armadilhas

Não temos que ter esperteza, mas sorte

Nas propriedades vigiadas por brutamontes...

O ziguezague na rampa do gramado faz-lhe charme

Por outro lado a terra nua em declive passa despercebida

O elevado do aterro de nivelamento fere o visual

Porém há canteiros de jardim que embelezam

Novas construções geram monturos

Os montes de entulhos obstruem as calçadas

Permeiam os depósitos de sucatas

Sacadas avançam pelos passeios públicos

Vêem-se postes de concreto ou madeira com fios elétricos

Lotes vagos e baldios escondem o mau

Tapumes de papelão indicam o grau de pobreza

Garagens abarrotadas de carros alardeiam posses

As diferenças sociais são gritantes

A rotatória no fim da rua não se justifica

Assim como o semáforo no início do beco sem saída

Tudo condiz com nossa prisão domiciliar

E nos transporta às cavernas de Cromayon

Ah! As furnas não precisavam de guardas

Hoje somos aprisionados por cercas eletrificadas

(dezembro/2003)

Aleixenko
Enviado por Aleixenko em 01/09/2011
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