Ezequiel
Pega fogo, jorra sangue
Nas vielas e no mangue
Muito tiro, muita morte
Pouca festa, pouca sorte
Quanta gente machucada
Na beirada da estrada
Na sarjeta esquecida
Prestes a perder a vida
Um menino abandonado
Tem o peito alvejado
O governo desgoverna
Enterrando na caverna
A tristeza desse povo
Que deseja tudo novo
Que não tem televisão
Que se prende à ilusão
O país está em guerra
E o pobre que se ferra
Piedade está lá fora
Aguardando sua hora
Ao chegar o carrossel
Pra buscar Ezequiel
Um menino dedicado
Tem o sonho camuflado
Por um monstro muito vil
Intitulado fuzil
Disparado num segundo
Apagando-o do mundo.
Axeramus 17/01/2011.