A forma da violência
A violência bate a minha porta
A duvida me preenche, se abro ou não
Não é uma bala perdida
Não é alguém com uma faca
Não é uma arma
São palavras
Gestos
Sons
Modos
Olhares
Cores
Tudo busca agredir de forma silenciosa
Olhares que ferem mais que bala
Que cortam mais fundo que a mais afiada das facas
Que perfuram mais que a mais dura lança
Gestos que condenam
Piadas que chicoteiam
Num mundo que se cala
Cada vez mais esses gestos tornam-se ocultos
Mas a que ponto eles se tornaram ocultos
Se todo dia dezenas de pessoas ferem centenas de pessoas
A todo o tempo e todos fingem que não vêm
Apenas porque é mais fácil
Acreditar que a violência não existe
Por que lutar com um monstro
Se é mais fácil prendê-lo em uma caverna
E jogar um sacrifício para ele
Todas as semanas?