Acenda uma vela pra São Jorge

Sou um compositor incansável

Outros dizem que eu sou chato

Violência no papel e na caneta

No pelotão de frente os caras só andam de oitão

De m16 ou de ponto 40

Acendo uma vela pra São Jorge

E faço bom uso das rimas

Pro Brasil ter um futuro com menos mortes

Eu sou a explosão das bombas, a chuva de bala

A despesa da agência funerária

A corda que segura o caixão de desce na cova

O mano dando dinheiro pro gambé da ROTA

Onde as jóias transbordam reina a maldade

Passam por cima de tudo e de todos

Pra conseguirem o que querem

Sem pensar na dignidade

Eu sei qual que é

Eu sou o tambor que gira, eu sou o oitão

Se pá o demônio no dedo do ladrão

A bala que invade o corpo do policial

o choro, a tristeza das pessoas do funeral

As gavetas do necrotério

A violência que o político não leva a sério

O moleque que é humilhado pela burguesa

Mas aí, eu vou rimar porque eu sou a oração

Eu sou a fé do pobre

E também a vela acesa pra São Jorge

Acenda uma vela pra São Jorge

Ore, pra que o Brasil melhore

No país do futebol e do carnaval

A politicagem é letal

Meu rap é diferente, minha letra é objetiva

Vejo uma par de mano com a consciência corroída

Disparando a 45 no gerente do banco

Jóias, dinheiro, mó adianto

Quem me dera matar delegado do DAS

E ganhar o prêmio Nobel da paz

Outra vela acesa pra São Jorge

Na basílica de Aparecida do Norte

O clclo da vida da pilantragem não se encerra

Eu sou o sangue, o defunto no chão da favela

Eu sou a panela vazia, a criança na agonia

O enterro, o velório, a missa de sétimo dia

O IBGE se perdeu nessa estatística

Porque no Brasil tem a impunidade política

Ladrões bem trajados, tudo a rigor

No cenário político do Brasil

é só sequestro, homicídio, cena de terror

Eu sou a fuga da quadrilha do banco HSBC

O helicóptero da polícia sobrevoando a favela

A correria, o tiroteio na viela

Eu sou os colchão da Febem que é queimado pelos internos

A periferia, filial do inferno

Nem sempre é bom ser esperto, não sei se é certo

Veja de perto, desvende o mistério

Essa raça maldita

Vai matando, morrendo, roubando, trocando tiro

Por causa de crack, vão se acabando

Puxa o cano pra honrar a porra do distintivo

Proce ver que no Brasil não tem mais amor

Só não ta pior porque existe São Jorge

Nosso protetor

Acenda uma vela pra São Jorge

Ore, pra que o Brasil melhore

O povo desfigurado, rendido

é a consolidação do genocídio

Os responsáveis tem tudo na mão

Apesar do grande índice de rejeição

Eu sou a maconha, se pá o papel

O sanguinário assassino de aluguel

Eu sou o cara que foge da CIA e do FBI

O estopim, a bomba pronta pra explodir

A letra de rap que tenta mudar o cenário

Faz o engravatado repensar sobre seu atos

Promovendo a quiaca, desgraça, caixão lacrado

Vou pedir forças pra Deus e pra São Jorge

Pra continuar compondo

Pro meu povo ter melhor sorte

E é por isso que meu rap é assim, realidade pura

Rimas concisas contra os filhos da puta

Aí mendigo, sem-terra, desabrigado

Viciado, detento, desempregado

Reze muito porque é única alternativa que resta

Contra esses caras que não prestam

Só prestam serviços pra corrupção

E nem olham pro manos se fodendo no lixão

Eu sou o pneu queimado na avenida

O povo sem nenhuma perspectiva

O líder da rede terrorista

Aparecendo na CNN e na Al Jazira

Num lugar que se decompõe mais e mais

Só rezando pra Deus pra ter paz

Que só é decretada embaixo da terra

São Jorge, livrai-nos dessa guerra

Acenda uma vela pra São Jorge

Ore, pra que o Brasil melhore

Denis Hacebe
Enviado por Denis Hacebe em 23/08/2011
Reeditado em 25/08/2011
Código do texto: T3177879
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