(imagem Google)

Cúmplice Abecedário


Jaz no papel o que da mente inquieta e vibra, letras entrelaçadas em um balé que ilumina a trilha, verbos austeros a evocar o que se sinta, vocativos sinceros a amenizar alhures feridas, a missão há muito tempo escolhida, intento que o é em evidenciar as chagas ardidas, frases esparramadas astutamente em meio à crua tinta, hábil instrumento a externar o quão vale a vida, o pretexto inventado apelidado de escrita, contribuindo para o bem a rememorar lágrimas aflitas, o dedilhar calejado se remete aos sem comida, aos com prantos ignorados, aos que clamam uma sobrevida, aos pobres marginalizados, aos residentes das palafitas, aos que não encontram atalhos, aos dejetos, aos sem guaridas, aos que em peitos sãos jamais sentem a solidariedade viva, aos que fazem do juntar o único verbo as suas próprias sinas, utópico visionário, rumante com seu cajado em um deserto não deveras inventado, solo árido este mais que perfeito emoldurado da desigualdade que maltrata e instiga, com a certeza que jaz no papel o que da mente inquieta e vibra, mas, que renasce em cada transpirar mesclados às insistentes sílabas, cúmplice abecedário a sonhar com uma nova vida.
O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas)
Enviado por O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas) em 16/08/2011
Reeditado em 17/08/2011
Código do texto: T3163363
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