EM UMA RUA ESCURA
EM UMA RUA ESCURA
(Lucinha das Oliveiras)
Em uma rua escura
Entre trapos e jornais
Encontrei uma esmirrada criança.
Esquecida por todos,
Que de seu sofrimento fugiam
Fingiam ignorar!
Encolhida com os olhos marejados de lágrimas
Sussurrava por um nome, que eu mal podia escutar.
-Mãe! Mãe! Chamava a pobre menina a soluçar.
Sua mãe a abandonara
E seu pai seria difícil encontrar.
Entre tantos homens
Que levara á sua cama para aquecer-se.
Aproximei-me contendo-me para não chorar,
Exclamei: - Pobre criança!
Seria esta criança a esperança?
A fome e o frio seus companheiros,
E o abandono seu parceiro.
Pobre criança! Uma entre tantas.
Nesse nosso imenso país.
Anônimas! Invisíveis!
Livres! Soltas! Como animais.
Correndo pelas escuras ruas,
Desta Pátria que como suas mães,
Também ás abandonou
EM UMA RUA ESCURA
Encontrei outras tantas crianças.
Em semelhante situação.
ESQUECIDAS!
EM UMA RUA ESCURA!
Publicada no jornal de ÁLVORADA.