Meu coração se contraiu!
Está murcho tal qual ameixa seca,
Após esvair-se em sangue.
Oh infância! Por que fostes e não levou consigo a sensibilidade?
Por que me permite sentir aquilo que para outros é indolor?
Meu mundo de fantasias desmoronou com o lençol que cobria a minha tenda,
Mostrando para mim a verdadeira face do mundo.
Rostos rudes, gestos hostis se expuseram perante a mim,
Ao invés do mel senti o gosto do ferro, advindo do sangue que escorria por meus lábios,
O verde das arvores que desenhava, ganharam pequenos pontos vermelhos,
Tom natural, decorrente do sangue que pingava dos meus ferimentos.
Um dia fugi! O sol sempre vem me confortar depois de uma noite fria,
Mas logo depois maltrata minha pequena face.
Por que manter-me vivo? Se até a natureza me rejeita!
Ás vezes a chuva lava meu rostinho,
O vento que balança o cabelo dos outros, em sussurros me diz que sou igual.
Mas eles não ouvem, e como sempre estou só!
Ignorado por essa espécie racional, porém ouvido pelo vento.
Num mundo onde apenas o meu eco me responde sempre com a mesma pergunta.
Em homenagem a uma criança que conheci a poucos dias solitária e abandonada sob esse sol que brilha para todos, porém aquece apenas alguns.