Nos olhos de Damasco…
Há uma mulher que vê
Na grande rede
Na televisão
Ruas cheias de sangue
Num tempo de paz
Em pleno Ramadão…
Enquanto que o grande irmão
Da mediatização
Assiste de forma impávida
Parva
De uma calma serena
A uma tragédia não anunciada
Mas bem real
Que ocupa noticias de roda pé
Na comunicação global
Porque o que está longe
É apenas uma diversão
Que até faz bem
E está longe de fazer mal…
E na sua visão rebenta uma espécie intransmissível de emoção
Porque não há palavras que exprimam
A visão
De um corpo
Elevado aos céus
Por uma granada de fragmentação…
E ela olha em seu redor
Provando o fruto que lhe dá nome
Mas que não lhe dá prazer
Dá-lhe a mais profunda
E confrangedora dor…
Olhando o horizonte
Como se olha quando se procura a esperança
Mas do horizonte nada virá
A não ser a silhueta de um tanque
Que esmagará
Quem se atreve a indignar
Com a matança
Do horizonte não virá a salvação
Virá um soldado
Para esmagar
Aquilo que ela vê
Sem se atrever a dizer
Para esmagar
Os olhos de Damasco…