Nos olhos de Damasco…

Há uma mulher que vê

Na grande rede

Na televisão

Ruas cheias de sangue

Num tempo de paz

Em pleno Ramadão…

Enquanto que o grande irmão

Da mediatização

Assiste de forma impávida

Parva

De uma calma serena

A uma tragédia não anunciada

Mas bem real

Que ocupa noticias de roda pé

Na comunicação global

Porque o que está longe

É apenas uma diversão

Que até faz bem

E está longe de fazer mal…

E na sua visão rebenta uma espécie intransmissível de emoção

Porque não há palavras que exprimam

A visão

De um corpo

Elevado aos céus

Por uma granada de fragmentação…

E ela olha em seu redor

Provando o fruto que lhe dá nome

Mas que não lhe dá prazer

Dá-lhe a mais profunda

E confrangedora dor…

Olhando o horizonte

Como se olha quando se procura a esperança

Mas do horizonte nada virá

A não ser a silhueta de um tanque

Que esmagará

Quem se atreve a indignar

Com a matança

Do horizonte não virá a salvação

Virá um soldado

Para esmagar

Aquilo que ela vê

Sem se atrever a dizer

Para esmagar

Os olhos de Damasco…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 03/08/2011
Reeditado em 03/08/2011
Código do texto: T3136653
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