Encontro casual

Saltei do ônibus

e vi o velho na rodoviária,

estava na fila pro bilhete,

bem ali, indiferente

logo atrás de mim.

Depois, no metro,

e saltamos juntos com todo aquele mundo de ninguém

na estação Sé.

Do último degrau,

ainda na escada rolante,

vi meu destino,

a abóbada da catedral metropolitana

já luzia com o primeiro sol.

Mas foi só quando entrei na igreja,

quase junto dele é que vi:

seus olhos tristes eram de um jovem,

que carregava uma mala pequena,

que tinha pano de chão por pele,

que usava jeans.

Então, depois que rezou perguntei

porque chorava, e soube:

a mãe morrera

enquanto ele fugia da seca para São Paulo.

Não a veria morta.

Nunca mais o vi.

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 25/07/2011
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