Encontro casual
Saltei do ônibus
e vi o velho na rodoviária,
estava na fila pro bilhete,
bem ali, indiferente
logo atrás de mim.
Depois, no metro,
e saltamos juntos com todo aquele mundo de ninguém
na estação Sé.
Do último degrau,
ainda na escada rolante,
vi meu destino,
a abóbada da catedral metropolitana
já luzia com o primeiro sol.
Mas foi só quando entrei na igreja,
quase junto dele é que vi:
seus olhos tristes eram de um jovem,
que carregava uma mala pequena,
que tinha pano de chão por pele,
que usava jeans.
Então, depois que rezou perguntei
porque chorava, e soube:
a mãe morrera
enquanto ele fugia da seca para São Paulo.
Não a veria morta.
Nunca mais o vi.