ADITIVITE

É uma inflamação da soma

De origem medieval,

Invisível e gradual

Protegida por redoma

De quem teu dinheiro toma

Pra aumentar seu capital.

Se o rico contamina;

A dor dói fosse prazer,

Já no pobre é pra doer,

Pouco a pouco se termina,

Não existe medicina

E nem reza pra conter.

É mais febril no banqueiro,

Editais e construtoras,

Vai rompendo as adutoras

Pra vazar bem mais dinheiro,

Vai de janeiro a janeiro

Epidêmica e invasora.

Ela é um vírus imutável,

Só propaga em condução

No envelope de um leilão

Ou por mão de um notável,

É doença insaciável

Que faz bem só ao ladrão.

Não divide e nem subtrai,

Soma-se e se multiplica,

Ao puxar ela se estica

Para o lado que a atrai,

Passa do avô pro pai

E no filho intensifica.

No político se hospeda

Pois que o corpo é mais propício,

Faz-se ausente no comício

E quando eleito, envereda

Ao vetor que se apieda

E se queda em vitalício.

Ela vem silenciosa

Pela escuridão das urnas,

Nas reuniões noturnas,

Com promessa generosa

E se faz licenciosa

Com sua arte taciturna.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 23/07/2011
Reeditado em 24/07/2011
Código do texto: T3113981