ADITIVITE
É uma inflamação da soma
De origem medieval,
Invisível e gradual
Protegida por redoma
De quem teu dinheiro toma
Pra aumentar seu capital.
Se o rico contamina;
A dor dói fosse prazer,
Já no pobre é pra doer,
Pouco a pouco se termina,
Não existe medicina
E nem reza pra conter.
É mais febril no banqueiro,
Editais e construtoras,
Vai rompendo as adutoras
Pra vazar bem mais dinheiro,
Vai de janeiro a janeiro
Epidêmica e invasora.
Ela é um vírus imutável,
Só propaga em condução
No envelope de um leilão
Ou por mão de um notável,
É doença insaciável
Que faz bem só ao ladrão.
Não divide e nem subtrai,
Soma-se e se multiplica,
Ao puxar ela se estica
Para o lado que a atrai,
Passa do avô pro pai
E no filho intensifica.
No político se hospeda
Pois que o corpo é mais propício,
Faz-se ausente no comício
E quando eleito, envereda
Ao vetor que se apieda
E se queda em vitalício.
Ela vem silenciosa
Pela escuridão das urnas,
Nas reuniões noturnas,
Com promessa generosa
E se faz licenciosa
Com sua arte taciturna.