Prima Donna
Às vezes tudo vai bem.
até começar a ir mal;
sem esforço de ninguém,
o céu se arma, um temporal.
Medo insano da máquina,
e tamanco na engrenagem;
lisura, pretensão súbita,
ocasiona a sabotagem.
Como o céu buscara armas,
lança raios e trovões;
ataque de todas as formas,
imputando intenções.
Sensatez solta gemidos,
sob o peso, quem não geme?
Instintos não domados,
inflamam qual querosene.
Uma vez feito o barraco,
feito um teto ao mal estar;
o feno que era pro burrico,
o cardápio do jantar.
A marca da ferradura,
qual uma placa, dizendo:
Se a alma já foi embora,
o que o corpo tá fazendo?
Quiçá, eu que fui anta,
querendo vinho de azeitona,
na ópera do faz-de-conta,
ilusão é a Prima Donna.