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Versos da Fome

Fome me diz o teu nome, dor é o teu codinome, barriga oca, farrapos humanos ruminando nutrires de uma esperança por comida, fome me diz o teu nome, sustância escondida, não dividida, não repartida, esmola em punho iludindo as chagas ardidas, fome me diz o teu nome, alimentar verbo tão raro, flexionar murmurado misturado às bocas aflitas, fome me diz o teu nome, se conhece deveras o teu codinome, esfomeados herdeiros da marginalização esquecida, sem eira, nem beira, estorvos de uma sociedade homicida, fome me diz o teu nome, antes que o teu codinome que brutalmente corrói e consome me faça desistir de saber do nome teu, fome me diz o teu nome, mesmo que sejamos andantes sem direitos nem a nomes, carcaças sem sonhos, Josué o teu nome insistentemente não esqueceu, versos da fome, insólita e inata,sentir que maltrata, homens com fome, confesse que teu nome é o que não se comeu, fome me diz o teu nome.


Dedico ao eterno da fome combatente,Josué de Castro!

O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas)
Enviado por O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas) em 13/07/2011
Reeditado em 05/08/2011
Código do texto: T3091693
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