BURRO DE CARGA

BURRO DE CARGA

Como ondas que se quebram

Violentas nas pedras

Da Pedra do Sal,

Meu coração se aquebranta

Quando vejo os animais maltratados

Pelos carroceiros da cidade de Parnaíba

E tantos outros com chibata na mão Brasil afora.

Todo dia o dia todo,

Jumentos e burros

- Faça sol, caia chuva –

Sem água e sem pão,

Carregam peso além do que podem,

Sem que o Ibama levante um dedo

Para defendê-los, como se já tivesse

Assinado o termo de concorde.

Ou imagine que os animais

Não comem, bebem, mijem, caguem,

Sentem dor, têm vida

Como qualquer cidadão racional.

Quando olho esses seres,

Cabeça baixa, olhos fundos e sem brilho,

de vez em quando

Levantado as patas de cansaço

E pelo calor do calçamento ou asfalto,

Pergunto aos Céus

Por que tanta desgraça perante Deus,

Já que o Deus que me toca e embala

Se desmancha em Amor,

Se multiplica em piedade!

E como consolo: lágrimas!

Muitas reclamações, que se diluem ao vento.