A Cidade Clandestina
Apronte as malas, largue tudo,
venha para cá.
A cidade clandestina quer você.
Te ver se contorcer,
se deslumbrar.
Esqueça tudo, siga a loucura
Mude de...
Mude de rumo.
O bairro mais vagabundo esta ali
Parado, preguiçoso. Dopado,
a te esperar.
Não pense muito, diga que sim.
Não vê que tudo o que quer está aqui?!
A beleza travestida na violência:
Mulher fatal, perigosa e abandonada
a encantar e seduzir.
O cinismo disfarçado
no bom papo.
A cultura escondida
no maltrato
Pelas ruas do centro da cidade
a história se refaz...
No descaso.
E mesmo assim sobrevivemos
Por aqui.
Como um Rio que agoniza
mas não perde o seu fluir.
Ainda assim, muitos se encantam
E num espanto
Se descobrem enganados
Quanto às suas negações.
E eu sigo te esperando, imigrante
Largo-me escrava das tuas decisões
A minha sina é confortar um retirante
Que ainda se deixa levar por ilusões.
E por amor à minha terra
E ao meu tempo de viver
Finco minha lida neste território
Estranho e inóspito
Às minhas invenções.
E como numa trama incerta
Eu me deixo esquecer
Que o mundo é bem maior
Que uma cidade sem perdão.
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