A vida simples das favelas

E entre olhares verticais e confusos

Vê-se a estrutura desalinhada das favelas.

A multidão anônima que vive a vida

No ponto mais alto

E mais nítido ao preconceito e

Marginalização !

Área de risco total.

Todos são subjugados

Ao poder duplo .;

Dos traficantes e, ao dos governantes !

Trocas de tiros e assassinatos

São fatores do dia-a-dia !

A violência é assistida ao vivo,

Derramando corpos até a parte baixa.

Falar em guerra nas favelas

É como comer o pão de cada dia:

Normal !

A cada amanhecer

O noticiário é sempre o número de mortos...

Não precisamos ir tão longe para

Assistirmos a guerra

Ela faz-se presente em nós !

Mas relatar número de mortos

Em favelas, não dá audiência !

Esta realidade , geralmente,

Não é relatada, nem contestada

Apenas, marginalizada !

E, mesmo assim, estas pessoas não desistem

Sobrevivem sem nenhuma proteção.

Sem que os olhos da justiça

Se abram para elas.

O único motivo que ainda as anima

É a alegria de estarem perto do céu,

De Deus...

E terem a mesma visão

Que os ricos têm !

A natureza que é absoluta,

Para ricos e pobres !

E numa oração única

Este povo pede por um milagre,

Por dias melhores...

Sem guerras, sem injustiças ou preconceitos.

Mas, por um amanhecer sem corpos mutilados,

Por seus filhos sem armas nas mãos!

Por coisas tão essenciais

Que há tempos esquecemos...

O simples sonho

De poder deitar e levantar

E , ao abrir a porta e ver

Flores nos jardins

Só flores !

Este é o único sonho

Que almejam nossos irmãos

Que choram e rezam

Dia e noite

Nas favelas !

ISABEL BENEDITO DOS SANTOS