O CALENDÁRIO DA CEGUEIRA

Ergam vossos olhos, ó cegos sociais da infeliz e vã felicidade

E esqueçam o urgente alarde vindo de seus bolsos e penelas vazios

Os pavios juninos já explodem e mandam pelos ares a sua dignidade

E enquanto pulam a fogueira da desigualdade, servem seus deuses vadios!

De janeiro a dezembro, nem Gregório projetou tamanhos eventos

Serviçais dos ventos que sopram a favor da mais óbvia conspiração

Criando escravos do consumo e da alucinação de neurônios sonolentos

Cujos alentos sobejam na mesa dos nobres, na forma de circo e pão!

Conforme o asno sabichão, nada melhor que gastar e dançar pra valer

Posto de que vale viver sem nada a comprar e sem ter diversão?

Usa o diploma que lhe deu a televisão, que o fez doutorado em perder

Excluído qual mais reles ser e mesmo assim aplaudindo sua própria prisão!

É preciso comprar e buscar alegria nas festas vulgares ao longo do ano

Se por baixo do pano há quem tudo comande, isso é só um detalhe

Tão vil achincalhe é um tapa na alma do cidadão ser humano

Pois pra todo engano sempre haverá um feriado que calhe!

"Enquanto houverem cães cegos pela fome, sempre haverão ossos de ilusão" (Reinaldo Ribeiro)

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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 21/06/2011
Código do texto: T3048209
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