MANIFESTO À LOUCURA

... Louco é quem duvida de louco!

ah, os loucos de amor, de desejo

presos a suas amarras, implodindo sentimentos...

os loucos de pedra, pedra esculpida nas intempéries

de dias e noites a girar o moinho das rotinas impostas

e aceitas com amarga resignação...

e os loucos de atar

pois só amarrados,

cerceados e amordaçados serão contidos

e nem assim, pois há sempre uma saída

uma brecha salvadora para olhos atentos

e mentes libertárias...

E tudo que foge ao senso comum,

da burrice castradora e infame

é usual ser chamado de loucura...

mas não são loucos os de terno e gravata

correndo atrás dos minutos,

olhos vidrados,

peito ofegante

e almas tão pálidas?

Loucos dos pregões da bolsa de valores

pobres meninos de bocas escancaradas

e corações cinza-chumbo..

ah, mas não dá pra adoçar café de louco, sabia?

E dizem línguas corajosas

que é das loucas e desbocadas

que eles gostam mais...

...pudera, autenticidade é coisa rara,

gente assim faz falta,

porque de certinhos de fachada

o inferno deve estar superlotado...

bem como de condecorados esnobes

e fanfarrões da moralidade,

uns em ânsias por reconhecimento

outros repetindo cantilenas de manuais ensebados,

com a mão direita apontam preceitos caducos

com a esquerda

acariciam meninas deixadas pela baixa maré!

E os loucos de toda ordem,

os lunáticos e sonhadores sem remédio

carregarão em suas almas

a semente de uma saída?

marina zamora
Enviado por marina zamora em 18/06/2011
Reeditado em 25/06/2011
Código do texto: T3042984
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