Conspiração Contra o Rei
Não existem paradigmas,
Não existem fórmulas prontas,
Toda prisão é fictícia,
E eu lhes darei agora a noticia fatídica:
Suas vidas são todas feitas a partir de mentiras.
Vocês são apenas bobos da corte,
É que o rei sempre precisou se alegrar,
E certamente você sabe que um rei não pode ficar de mau humor,
Porque um rei de mau humor pode gerar até um holocausto,
Mas nós estamos rendendo boas risadas.
O nosso rei gordo e elegante só precisa comer, dormir e sorrir,
A cada colherada que ele dar caí uma tempestade,
A cada sorriso que ele dar alguém haverá de cair,
E só nos resta se equilibrar sem alarde.
Tirano! Tirano! – alguns dizem enquanto o rei dorme,
Se reúnem e se dispersam antes que o rei acorde,
Ás vezes caem trovões, outras vezes caem granizos,
Quem cair na chuva haverá de correr o risco.
O rei quer sempre exercer o seu poder,
Seus súditos sempre devem obedecê-lo,
Calados diante do rei que diz tudo ver,
Obedientes ao rei que tudo pode fazer.
O rei não deixa seus súditos caírem no ócio,
Porque o rei é ocioso,
E outro ocioso não deve haver,
Porque assim só o rei pode ser.
Mas aos poucos os súditos vão se cansando,
E quando se cansam deles o rei se desfaz,
Para então devorar os seus filhos,
E depois os seus netos.
Porém o rei não pode se descuidar,
Não pode a sua rigidez deixar,
Não pode por um instante as rédeas afrouxar,
Se não por um caminho torto sua carruagem irá.
Um belo dia, é a esperança de toda a vida,
Para os súditos que o rei rebaixa e humilha,
Sendo apenas um rato que a tudo determina,
Pois quem tem poder sobre seu semelhante asqueroso passa a ser.
Um belo dia algum súdito haverá de ver,
E tamanha surpresa a sua haverá de ser,
Tomado de fúria este com o rei ira ter,
E sob os pés o esmagara.
Mas o que simplesmente não pode acontecer,
É este súdito resolver no trono do rei sentar,
Pois se assim for num rato ele irá se transformar,
E automaticamente sua tirania ira aflorar.
Quando um rei percebe o imenso poder inerente a soma das forças de seus súditos,
Ele se sente tão pequeno que se enche de medo e fica aterrorizado,
Assim ele então se torna um ser asqueroso, mero rato,
Que para não ser esmagado transforma a todos em seus escravos.
É conveniente a um rei súditos ignorantes, de cabeça baixa,
Súditos que trabalhem em demasia, que tenham rotinas monótonas,
Que os façam recorrer a drogas, para que pensem que estão a se divertir,
Limitando ainda mais as suas mentes até nada dessa existir.
Os reis manipulam a educação, criam seus súditos para o trabalho,
Pois o trabalho de seus súditos lhes rendem grandes impérios,
E assim fica o rei confortável em seu castelo,
Pensando em qual será seu próximo passo.
O grande trabalho do rei é pensar em como calar e imobilizar seus súditos,
Por isso o rei é simplesmente corrupto,
Vive a enrolar todo o mundo,
Fingindo não ser um rato, mas um nobre, que não passa de um vagabundo.
Itaci Silva Camelo