MARIA DE NINGUÉM
 
Quem se importa com o que se passa
no coração desta frágil criança
qualquer um a compra e a abraça
e em seu peito enfia uma lança
 
Menina mulher, tão menina
tão maltratada, explorada
encarando a sua amarga sina
entre os seus sonhos, ignorada
 
Não teve tempo para sonhar
nem infância, nem brinquedo
sem amor, fez da rua o seu lar
vendo a maturidade chegar tão cedo
 
Uma Maria em meio a multidão
corpo ainda sem forma definida
mas no peito não cabe qualquer ilusão
já assinou a sentença da sua vida
 
Entre um e outro covarde
que lhe arranca os seus trapos
morre cada sonho que arde
num coraçãozinho aos farrapos
 
Célia Jardim
 
Célia Jardim
Enviado por Célia Jardim em 12/06/2011
Código do texto: T3029121
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