Tributo a Nietzche
Morre à míngua o amor eterno
e a menstruação não desce
coluna quebra
o câncer cresce
mouco o ouvido
o olho cega
e num segundo
perde-se o filho
para a morte ou para o vício
vêm a seca e o furacão
vêm gafanhoto e terremoto
queima o incêndio
vêm o ladrão
e a solidão do desemprego
vem a enchente e leva tudo
do quase nada que havia
Olhar mortiço de alma cansada
no desespero, vem a vontade:
dar brevidade ao sofrimento
e encurtar tal existência
mas somos bichos
nos têm as rédeas
o instinto de sobrevivência
Sem eutanásia
nos resta a sina
de enfrentar tais dissabores
e o que não mata
diz o filósofo
nos faz mais fortes
nos faz melhores
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Texto escrito para o 7° Desafio Literário da Câmara dos Deputados
Categoria Poesia - Etapa 6 .
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