Herói preso
Hoje meu herói foi preso
Algemado em público,
Humilhado e ainda pisoteado
Pela arrogância dos violentos e poderosos
Hoje meu herói estava fraco e combalido
Com as vestes rasgadas, com sapatos rotos
E com olhos marejados de angústia indecifrável
Hoje meu herói
Não apagou os incêndios,
Não removeu escombros,
Não subiu nos píncaros e nem voltou dos umbrais
Restou sua roupa vermelha de vergonha
De viver de migalhas,
Das entrelinhas e do jogo político mesquinho
Dos governantes.
Meu herói hoje raspou a cabeça e deixou escrito
O número 439.
Expressivo numeral a reter na memória
e no cárcere
Aqueles que apenas protestavam,
Mas a lei não deixa.
Eles reclamavam ruidosamente
Mas a vaidade não deixa.
É uma pena, o herói contemporâneo
Padece entre a mídia e a opressão dos
regulamentos fardados de indiferença
E despidos de honra.
Viva os bombeiros!
Hoje o herói está preso em sua bravura.