Enquanto eu sentia fome.

Enquanto fome eu sentia, chorava pela dor que gritava dentro de mim.

A dor da fome me cortava por dentro e por fora.

E eu sentia minhas forças murchando feito uma rosa.

E a angústia que me consumia o corpo ardia até a minha alma.

Porque fome não satisfeita é como ferida não tratada.

Uma ferida que puxa e repuxa num ritmo contínuo e acelerado.

E o ser humano com fome se torna apenas ser.

Pois, que aos poucos o ser que era homem, vai se transformando apenas em um animal.

E não importa se o animal é dócil ou feroz, importa é que o faminto tem a sua humanidade negada.

O faminto não consegue mais se ver no mundo.

Ele só enxerga o imenso vazio dentro de si.

O vazio no estômago é também vazio na alma.

O vazio da humanidade negada.

Pois, que enquanto fome eu sentia, gritava pela dor que me cortava por dentro e por fora.

Minhas forças como rosas murchavam.

E a angústia que ardia meu peito, queimava também minha alma.

A fome me endurecia, a ponto de não conseguir ver nada mais além daquele buraco que devorava minha carne.

E eu mordia os meus lábios para sentir o gosto de algo vivo.

Eu bebia minhas lágrimas e arrotava meu próprio sangue.

Pois, que fome não satisfeita é como ferida não tratada.

E o vazio no estômago é também vazio na alma.

Vazio de vida cortada.

E da humanidade a cada dia negada.

Marcos Welber
Enviado por Marcos Welber em 05/06/2011
Reeditado em 11/06/2011
Código do texto: T3016440
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