O NEGRO
O negro sofreu sem necessidade,
Pois contava vovô na antiguidade.
O negro no tronco sofreu,
Até mesmo no tronco morreu.
Morreu sem conhecer a liberdade,
Nem tão pouco o que era felicidade.
Morreu sem ter feito nem um mal,
Morreu sem direito a funeral.
O branco sentado numa ilustre mesa almoçava,
O negro na senzala comia o resto que sobrava.
O branco sobre fartura vivia,
O negro as vezes nem comia.
As escravas negras tornavam se suas amantes,
O filho do negro com o branco surgia,
Os senhores donos de engenhos, nem se quer o filho reconhecia.
Para sempre filho de escravo permanecia.
Muito tempo depois veio a libertação,
Mas até hoje o racismo tem sua discriminação
Até hoje fazem distinção,
Se for negro: - Ah! deve ser ladrão!
O negro guarda no peito a dor da escravidão,
Da maldita chibata ainda escutamos à canção,
Recordamos os que no tronco morreram sem compaixão,
Após mais de cem anos de libertação.
(Poesia publicada no livro " Literatura Brasileira " pela Editora Shogun Arte do RJ EM 1991)