O NEGRO

O negro sofreu sem necessidade,

Pois contava vovô na antiguidade.

O negro no tronco sofreu,

Até mesmo no tronco morreu.

Morreu sem conhecer a liberdade,

Nem tão pouco o que era felicidade.

Morreu sem ter feito nem um mal,

Morreu sem direito a funeral.

O branco sentado numa ilustre mesa almoçava,

O negro na senzala comia o resto que sobrava.

O branco sobre fartura vivia,

O negro as vezes nem comia.

As escravas negras tornavam se suas amantes,

O filho do negro com o branco surgia,

Os senhores donos de engenhos, nem se quer o filho reconhecia.

Para sempre filho de escravo permanecia.

Muito tempo depois veio a libertação,

Mas até hoje o racismo tem sua discriminação

Até hoje fazem distinção,

Se for negro: - Ah! deve ser ladrão!

O negro guarda no peito a dor da escravidão,

Da maldita chibata ainda escutamos à canção,

Recordamos os que no tronco morreram sem compaixão,

Após mais de cem anos de libertação.

(Poesia publicada no livro " Literatura Brasileira " pela Editora Shogun Arte do RJ EM 1991)

Leila Rodrigues
Enviado por Leila Rodrigues em 29/05/2011
Reeditado em 08/11/2022
Código do texto: T3001153
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