O milagre da multiplicação dos milhões
O quão torto é o caminho
Pra se chegar ao destino
O desatino faz parte da paisagem
Quem pesa e quem passa
Pela triagem
Quem desacata
Quem acata as ordens
Transgride e agride
Quem coloca as grades
E quem força a liberdade?
Todos os transgressores estão mortos
E o reto predomina na cidade
Na arquitetura
Nos quartéis
No Governo
Só prevalece quem aquece o sistema
Quem se enfurece fica à margem
A quem multiplica sua fortuna o alto
Abaixo as iniqüidades
Um país não se faz com traições
E canções suaves
Com poesia concorde
Com imprensa dominada
E seres servis
Carreristas
Essas políticas ‘caretas e covardes’
O fogo arde na Amazônia
A soja ganha o Pantanal
O Código Florestal insenta quem desmatou
O prêmio
O grêmio dos poderosos prevalece
Pelos séculos
Até a última árvore
O último milhão amealhado
Me sinto um covarde por dizer tão pouco
Minha vontade é para mais
Mais sou a margem
E calo-me e durmo mesmo com esse barulho todo
Tolo que me domina