VI OUTRA REALIDADE
Vi chorar as minhas fontes,
e o luar bordar a serra;
vi o Sol queimar os montes,
vi falar a minha terra.
Vi nos olhos luz de esperança,
vi nos rostos igualdade,
vi nas mãos a confiança,
nas gentes fraternidade.
Bem dentro do meu país,
vi abraços e carinhos;
olhos de noite que diz
que os homens não estão sozinhos.
Mas vi outra realidade
de entre cantos de ideais
na mesma força-verdade;
o choro-pranto dos ais.
Vazio dia painel
nem traço de labaredas!
Ai! barracas de papel,
noitesas tristes e não ledas
de crianças a chorar
por não terem de comer ...
Meu pobre povo de estar
Sem saber o que fazer! ...
LUIS COSTA
IN (ANTOLOGIA- FLORILÉGIO - 2 )10 de Dezembro de 1086