A Voracidade da Alma

Os Lírios envenenaram o caminho das crianças;

O motorista do táxi não se importa com seus dois passageiros jovens

Que fazem sexo oral no banco de trás do veículo;

Enquanto um homem alto de terno escuro os aguarda na entrada da faculdade

A fim de matá-los, e ninguém nunca descobrirá o real motivo;

A mãe deste assassino cheira cocaína antes de ir se confessar ao padre,

O qual se masturba em silêncio ao ouvir as confissões de uma mulher adúltera e gostosa,

Trinta ave-marias e cinco pais-nossos são o preço da indulgência,

E a mulher, no êxtase do perdão, entra no carro onde o amante a espera com tanta avidez.

A noite vem, e o amante mais uma vez discute com sua legítima esposa,

Já tão saturada por suas inúmeras mentiras, atrasos e pedidos de desculpas.

“Filho da puta mentiroso, hipócrita, tu és um maldito covarde”, grita;

E quando o marido abre a geladeira para apanhar uma cerveja,

A mulher o apunhala no pescoço com a faca dos churrascos de todos os domingos;

Sedenta de fúria, o corpo do esposo é golpeado 32 vezes.

Suas mãos, seu rosto, seus pés encharcados de sangue e de vingança consumada

Vibram com tanto frenesi orgíaco,

Rindo e chorando concomitantemente,

O que leva a esposa a cair ao chão da cozinha em convulsões de orgasmos

Que ela jamais tivera sentido antes com homem nenhum.

O vizinho ao lado ouvindo os gritos, a confusão e o que podia ter ocorrido,

Sendo um cidadão decente que não pode se calar diante de algo errado,

Liga anonimamente para a polícia,

A qual chega ao local do crime uma hora depois.

A esposa algemada olha os demais vizinhos e curiosos imóveis a observá-la e a julgá-la,

Sendo que a mesma ri tão altamente, mais tão alto e freneticamente,

Que deixa os dois policiais assustados e boquiabertos,

Enquanto da janela de seu apartamento, o vizinho delatador do crime

volta ao quarto de sua filha a qual está amarrada e amordaçada na cama:

Nua, o corpo esbelto, cabelos castanhos, cortes pelo tórax e na genitália e mamilos,

e um rosto tão lindo e cheio de luz que se evapora silenciosamente.

Será mais uma sessão de estupros, penetrações violentas e ensandecidas por todo o seu corpo,

E lágrimas tão castas escorrem do rosto desta garota que só tem 13 anos de idade,

E seu corpo, junto com todos os seus sonhos, desejos, vivências,

Serão enterrados daqui há duas semanas num matagal bem longínquo.

Treze anos de idade... Treze anos de dor.

Seu nascimento e assassinato não acordarão a humanidade,

Ainda que soubessem todos os fatos

Seriam dois dias na mídia e a eternidade no Esquecimento.

E os Olhos da Noite inapagável da Alma Humana

Ainda estão famintos e sequiosos cada vez mais;

Pois a humanidade é inúmeras raças de víboras peçonhentas,

Cegos e embrutecidos guiando cegos e idealistas,

Semelhantes a sepulcros caiados, belos por fora,

Mas por dentro estão cheios de ossos podres, rapinas, iniqüidades, e fingimentos.

Gilliard Alves Rodrigues

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 20/05/2011
Código do texto: T2982800
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.