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Dedilhando o de Outrem Dissabor


Sento-me e me embriago com os dedilhares calculados, componho meus monossilábicos esparsos, pacificando os meus vocativos debochados, que em alma em silos apertados clamam a se libertarem com rancor, a cada virgular extravaso, meus desejares por algures amenos passos, de um intenso caminhar por são clamor, dedos calejados, face em sol ardente valorizando o meu rastro, suor respingando o meu transcendente labor, melodicamente teclando ao lado, da inspiração companheira de fardo, que o é sarcasticamente compor, das mazelas sociais fazer o seu marco, solitário sonhador melodicamente me refaço, sem platéia, sem medo do vil olhar com asco, com o rumo guiado pelo amor, cifras grafadas em tom maior me acho, a bradar pelos que sofrem e tem dor, finalizo a melodia dos mais fracos, dos que gemem, dos que anseiam por dias bons, dedilhando me afino com os talhos que em meu peito se transmutam no compor, eterno poeta andante nato, que externa o de outrem dissabor.

O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas)
Enviado por O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas) em 19/05/2011
Reeditado em 29/05/2011
Código do texto: T2980908
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