Águas, curvas e vida
Do veio que nasce da serra,
espraiando as águas
além do seu leito,
pro verde crescer,
faz ver, de curvas em curvas,
que a água, o verde e a vida
é um triângulo perfeito
pra se admirar.
Já criaram muitas lendas,
já cresceram muitas vidas,
na passagem desse rio.
Muitos cantaram,
e ainda cantam,
suas curvas, quedas e águas,
que hoje enfrentam o desafio
de viver e criar.
Plantaram tanto contrassenso
às margens do leito caudaloso,
que o velho relembra,
tristonho e choroso,
dos tempos do apito,
da roda, do negro,
remansos e curvas,
gargantas e sombras,
a caminho do mar.
Os espíritos já não metem medo.
E eis que o medo, agora,
é vivo, é real:
é de impurezas mil;
verde vida confundida;
marcas e projetos;
cercas, prédios, margens nuas
definem a silhueta
das curvas do rio.
Das quedas nasceram as usinas.
E aquela menina,
da beira do cais,
agora conta histórias:
do bagre que sumiu,
à luz da ignorância;
da infância
e o marinheiro amante;
e uma vaga lembrança
do vapor faceiro,
que não passa mais.
A sofrida vida pra lá de distante
sonha com a riqueza desse santo leito
passando por lá,
águas, curvas e vida,
verde salvação.
Oxalá não seja
o deleite de poucos...
E se forem essas águas,
que se molhe o chão,
que se faça o verde,
que se faça vida,
pra gente de lá.
Autor: Messias Uma homenagem ao Rio São Francisco -
o rio da integração nacional: Minas, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe (Brasil).