ALIENADO

Estou alienado.

A cada passo que dou

estou em outro mundo.

Sinto-me uma alimária.

Escuto algarivias.

Sinto-me solitário,

amontoado.

Estou alheado, alienado.

Será que sou único?

Não!

Em minhas algarivias,

ouço zumbidos dos outros de mim.

Os temores,

os temidos sonhos.

Já descobri!

Somos milhões.

Uma nação.

Todos se assemelham

e se diferenciam.

Somos os temidos

e os temedores.

Porém aprendo fast demais.

Já sou o centro,

o cobrado

e o cobrador.

Sou o dunga.

É tão rápido

as coisas que faço,

que viram rotineiras

e desprezíveis.

Agora sou o centro da alhada,

sinto-me desgastado,

isso se chama desfecho.

Aprendi demais

não me serviu pra nada;

pois agora

não tenho serventia.

Agora não me sinto alienado.

Porém acham isso de mim,

uma alimária

ou algo pior.

Vivi!vivi!vivi!

E não evolui,

nasci alienado

morro pior que nasci.

Chego ao fim,

sem pelo menos ter começado.

Chego ao fim,

pelo começo.

Estou alienado.

Estava sem saber o que era.

Hoje sou e sei o que é.

Sou alheado.

A cada passo que dou

estou em outro mundo.

Sinto-me solitário,

amontoado.

Volto a ouvir algarivias,

não no ventre

em um ataude.

Jeferson Barbosa